segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Atentado a seleção de Togo, Conferência de Berlim e África.

Atentado a seleção de Togo, Conferência de Berlim e África. Quais as relações entre estes? Várias.

Semana passada, o ônibus da seleção de futebol do Togo, um pequeno país situado na costa Noroeste da África, sofreu um atentado a tiros, em que o ônibus foi metralhado por terroristas da região separatista de Cabinda, que busca a secessão de Angola.

Para que possamos entender o atentado, é preciso fazer um resgate histórico. Em 1884, a pedido do recém formado Estado-Nação alemão, foi realizada a chamada Conferência de Berlim, que tinha o objetivo de dividir os territórios africanos e asiáticos entre os países europeus. Nesta divisão, que foi feita com mapas do século XVIII e sem considerar as tribos e as suas respectivas distribuições espaciais, ficou definido que o Protetorado de Cabinda, ou Congo português, como os lusos chamavam, seria uma região autônoma sob controle português. Como tinha saída para o mar, os belgas, “donos” do Congo belga, que fazia fronteira com Cabinda, reivindicaram junto aos portugueses, uma parte do referido território para que o Congo Belga tivesse saída para o oceano.

Sendo assim, Cabinda foi novamente “retalhada” e passou a depender da permissão dos portugueses de Angola para ter acesso ao oceano. Com o fim da ocupação portuguesa a Angola em novembro de 1975, o país se tornou “independente” de Portugal e anexou Cabinda em definitivo, pondo fim ao Protetorado português. A partir de então, o famigerado território busca a secessão perante aos angolanos que passaram a enfrentar guerras civis dentro de seu território, para decidir que grupo étnico assumiria o controle do país.

Eis que na semana passada, Cabinda finalmente conseguiu o que sempre buscou. Reconhecimento internacional, graças ao atentado a seleção togolesa de futebol. E o que Togo tem ver com Cabinda? Nada. Simplesmente, deram “azar” de passar pelo território e foram bodes expiatórios para o conflito civil angolano.

A “culpa” disso tudo recai sobre a referida Conferência de Berlim e as fronteiras artificiais estabelecidas por burocratas que mal sabiam a diferença entre Estado e Nação.

Assim como o Oriente Médio, é impossível analisar conflitos étnicos na África sem pensar na referida conferência. A mídia se preocupa em revelar de forma muito superficial, certos conflitos mundiais. Cabinda é realmente uma região muito rica em petróleo e diamantes, mas o conflito é muito mais complexo e tem mais condicionantes do que estes.

A imposição da religião católica feita pelos portugueses em detrimento das religiões africanas, também é um condicionante importante na região. A rivalidade entre os Bantos angolanos e Zulus sul-africanos, o imperialismo dos sul-africanos em Angola, entre outros fatores, devem ser analisados para se entender a situação em Cabinda.

Enfim, para mais informações, acessem o link abaixo, que leva para o site oficial do governo de Cabinda. Vale a pena ler!! Está em português!!

http://www.cabinda.org/portugues.htm

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