quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ônibus 174: o precursor de "Tropa de Elite"

Bem, aproveitando o grande (e merecido) sucesso da Dulogia Tropa de Elite, decidi escrever sobre o filme que, para mim, é o alicerce de ambos . Trata-se de “Ônibus 174”, o primeiro e genial filme de José Padilha. Um filme humanista até o osso.


“O homem nasce bom e a sociedade o corrompe” Jean Jacques Rousseau

Na tarde do dia 12 de junho de 2000, segunda-feira, Sandro do Nascimento sobe no ônibus da linha 174, rota Gávea-Central,no Rio de Janeiro, com um revólver calibre 38 nas mãos. Seu intuito é realizar um assalto. Às 14h20min, uma patrulha da Polícia Militar intercepta o veículo, que seguia pela Rua Jardim Botânico, zona sul da capital carioca. A ação é motivada pelo sinal de um dos passageiros do ônibus. Sem ter como ou para onde fugir, Sandro faz dez reféns, com os quais pretende negociar a sua vida. Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) são os encarregados de demovê-lo da empreitada. A televisão exibe o drama dos reféns ao vivo, para todo o Brasil e o mundo.
Essa é a história narrada pelo Documentário “Ônibus 174”, dirigido e roteirizado por José Padilha. Cabe ressaltar que, Padilha é o diretor dos filmes “Tropa de Elite 1 e 2”. Lembrando também que não é coincidência que o capitão do BOPE, tenha o sobrenome Nascimento, o mesmo que o protagonista deste “Ônibus 174”. Na opinião de Padilha, ambos são faces de uma mesma moeda chamada, Sociedade. O Filme tenta retratar de forma humana, a origem de Sandro do Nascimento e como o mesmo acabou se inclinando para o lado da criminalidade.
Ao retratar a origem sofrida e pobre de Sandro, Padilha não tem como objetivo isentar de culpa o protagonista, mas sim buscar as causas que expliquem o seu comportamento. Sobrevivente da Chacina da Candelária, ainda criança viu sua mãe se suicidar, passou por vários reformatórios, morou nas ruas, esses são alguns dos argumentos exibidos no documentário sobre a vida de Sandro. Padilha utiliza o passado sombrio do sequestrador para que possamos refletir sobre os métodos utilizados pelas instituições sociais e políticas do Estado e como as mesmas parecem que, ao invés de reabilitar os jovens marginais, acabam os tornando ainda mais marginalisados..
Utilizando a teoria do filósofo Franco-Suíço Rousseau, chamada “O Bom Selvagem” onde o mesmo explicita que é a sociedade que induz os homens a serem bons ou maus, Padilha faz com que pensemos sobre a corrupção dos valores legais, éticos ou morais que nos envolvem. Em um determinado momento do filme, quando o seqüestro do ônibus é televisionado ao vivo, o filme evidencia um apresentador de programas policiais criticando o seqüestrador de forma pejorativa, sendo que o ideal seria buscar as causas e não as conseqüências que levaram Sandro a agir de tal forma. Tentando não tirar considerações ou conclusões precipitadas e parciais, o documentário traz depoimentos de pessoas (algumas sem serem identificadas) com as mais diferentes opiniões acerca do episódio. Para o diretor do documentário, não cabe identificar um culpado, mas sim estabelecer um estudo sociológico sobre as causas de tal acontecimento. O despreparo da polícia ao lidar com o caso, a negligência das autoridades políticas perante a desigualdade social, a espetacularização do caso, sendo transmitido ao vivo pela televisão,são alguns dos pontos questionados pelo ducumentário.Tanto que, em um determinado momento, o governador do Rio de Janeiro na época, Antony Garotinho, proibiu que um atirador de elite, que tinha o sequestrador sob sua mira, matasse o seqüestrador, porque o sequestro do ônibus era transmitido ao vivo. Ou seja, a preocupação com a repercusão da possível morte do sequestrador ao vivo pela TV, poderia abalar a popularidade do governador.
Afinal, Sandro do Nascimento é vítima ou bandido? Ambos. Ele é o resultado de uma sociedade atroz, desigual, corrupta e inoperante. É como se José Padilha com esse documentário, erguesse um espelho perante nós e dissesse; Esta é sociedade em que nascemos, vivemos e que vamos deixar para os nossos filhos e netos. Vamos deixar que mais Sandros continuem a surgir? Será que a corrupção policial é culpa dos policiais ou do próprio Sistema de Segurança? Ao mostrar Sandro como uma vítima, José Padilha não o redime do crime cometido, mas sim o mostra como uma simples engrenagem de um complexo sistema social que os jornais em geral,nos negligenciam. Já ao retratar Sandro como bandido, Padilha evidencia de forma clara, a frieza e a maldade do sequestrador perante suas vítimas, contrabalanceando o caráter dele de forma sensível e humanista.Isso mesmo, humanista. Este é com certeza um dos filmes mais humanistas já feitos pelo cinema brasileiro. Mostra as origens de um sujeito marginalizado e fruto de uma sociedade moldada por nossa inoperância e pelo nosso ceticismo político. Julgar Sandro do Nascimento com adjetivos pejorativos não vai nos levar a lugar algum. Sandro do Nascimento deve ser estudado e entendido em sua plenitude, desde sua origem pobre até sua morte em um camburãol, após uma má sucedida operação policial, que vitimou não só a ele, mas também a professora Geísa, que estava no lugar errado e na hora errada. Quantos Sandros continuam a surgir? Quais medidas devemos tomar para evitar que mais Sandros surjam? A sociedade nos molda ou a moldamos? A corrupção é um fator universal ou nacional? Essas e outras questões nos rodeam após os créditos finais do documentário. Buscando nos dar mais perguntas do que respostas, José Padilha abre o caminho para que seu filme seguinte, “Tropa de Elite” nos mostre a outra face da moeda da sociedade, o Capitão Nascimento, um policial do BOPE, que como já foi dito anteriormente, não por coincidência carrega o mesmo sobrenome do protagonista de “Ônibus 174”. Para Padilha, ambos são resultados da mesma experiência social. Frutos de uma mesma árvore podre que continua a nos alimentar. Animais que mordem a mão daqueles que os alimentam. Até quando vamos continuar a criar esses “Frankenteins” sociais que depois de gerados,insistem em nos assassinar? Eu agradeço ao José Padilha, por ter me feito repensar sobre várias questões de nossa sociedade. Eis o papel de um grande filme.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma, a primeira mulher presidente, espero que não seja a única

Dilma se tornou a primeira mulher a presidir o Brasil. O 5º maior país em área e população mundial, o imã geopolítico da América Latina e um dos países que mais crescem em termos políticos e econômicos no mundo. Mesmo assim, tentam desmerecê-la. Os adjetivos pejorativos variam entre “poste” de Lula, sapatão, terrorista,feia, gorda, “matadora” de criancinhas, lésbica, atéia entre outros. Isso evidencia bem como a eleição presidencial fez emergir grupos que pareciam sepultados há séculos nos porões da Idade Média. A velha mídia, também não poupou esforços para desqualificar Dilma, usando de canalhice e banditismo típicos da Inquisição para desqualificá-la. Mas, Dilma venceu com 55 mihões de votos.
Já a oposição marcou sua campanhapor uma série de equívocos.Demorou a escolher o vice de Serra, brigas internas, baixarias que fizeram PSBD e ARENA(DEM é pra quem tem memória curta) flertarem com a Teocracia(Evangélicos e Católicos) e pelo péssimo candidato, escolhindo mais a base da força do que pelo bom senso. Resultado? Uma campanha confusa que ora mostrava o candidato como “zé”, ora mostrava Lula em seu programa, como Estadista(PSDB não era oposição?) e FHC, que é o padrinho de Serra,que só apareceu no final. Resultado? Um vexame típico de quem faz de tudo pelo poder.
Sinceramente, espero que a oposição repense suas táticas e que volte a trilhar um caminho que se paute pela política e não pela bíblia. Uma oposição coerente e firme, é necessária, é salutar.

Marcado pelo lema “para o Brasil continuar mudando”, Dilma assume o Brasil no dia 1º de Janeiro de 2011, sob uma grande pressão de como será formado o seu governo, agora que o PMDB faz parte dele. Antes, o partido de Temer, apenas apoiava o governo de Lula. E eis o grande enigma da Esfinge; Como se comportará o PMDB no poder?
Sempre achei o PMDB, o pior partido do país. Por que? Pois é uma caixinha de surpresas. Possui um corpo parlamentar vasto e contraditório, capaz de abrigar todo o tipo de político. Ai jaz, na minha opinião, o papel primordial de Michel Temer, como vice presidente. Goste ou não dele, Temer tem um perfil notório de conciliador e diplomata político, no sentido de apaziguar as diferenças dentro do PMDB. Caberá a ele, um papel primordial a fim de garantir a Dilma, maioria confortável na Câmara e Senado, para que a mesma, consiga governar de maneira segura. Mas, uma fagulha nesse rearranjo parlamentar, pode causar um incêncio de grandes proporções na governabilidade de Dilma.
Acredito que o primeiro ano do governo Dilma, deve-se pautar por uma tentativa aberta de diálogo entre os partidos governistas, afim de evitar maiores problemas que possam criar atritos entre governo e oposição. Mas Dilma, que tem experiência política(Era ocupante do segundo cargo mais importante do executivo) terá capacidade suficiente para lidar com isso de maneira segura.
Eleger Dilma, representa um avanço em termos democráticos. Mulher, militante na ditadura(sendo inclusive presa e torturada), inteligente(Possui doutorado em Economia), representa o ideal de que a mulher pode sim, participar da política e exercer cada vez mais o poder de forma forte e segura. Que seu exemplo se espalhe pelo país e por que não, pelo mundo.
Parábens Dilma, nossa primeira Presidenta do Brasil

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A psicologia e seus efeitos nos Estados: O Caso Venezuela e Colômbia

O grande historiador britânico Arnold Toynbee, dizia que os Estados sofrem mais de traumas psicológicos dos seus líderes do que de motivos plausíveis para declararem guerra a outro Estado. Para ele, os Estados também são “seres humanos”, afetados pelos temperamentos de seus governantes e assim sendo, tem seus momentos de surtos psicóticos. O caso Colômbia e Venezuela corrobora com essa teoria. Ambos procuram se reafirmar em uma situação mais psicológica do que militar. Complexos de irmãos que viveram séculos juntos e já passados duzentos anos de separação, se tornaram vizinhos não muito amistosos. Cada um, utilizando de seus argumentos pessoais, quer mostrar para o outro, quem é melhor. Um caso de divã (ou até de boas “palmadas”) e não de guerra.
Simon Bolívar jamais pensaria que isso pudesse acontecer, duzentos anos depois dos movimentos de secessão do Vice Reino de Nova Granada junto à Espanha. Seria engraçado se não fosse trágico, mas enquanto Bogotá era a moradia do Vice Rei, Caracas era o seu quartel general, o que pode ser entendido como uma espécie de espoliação menos nociva para a Colômbia.
A Venezuela sofre de um complexo de inferioridade perante a Colômbia, isso é notório. É o típico caso do irmão mais pobre com ciúmes do mais rico. Já a Colômbia sofre de um complexo de rico que ficou pobre, mas mantém a pose, desde a Secessão do Equador e do Panamá (neste caso, com apoio do seu maior aliado, Estados Unidos)
Essa relação “familiar” e privada se tornou ainda mais pública e evidente com a subida de Chavéz ao poder na Venezuela e de Álvaro Uribe na Colômbia, respectivamente.
Ambos os líderes seguem direções opostas em termos políticos e não conseguem centralizar as discussões que envolvem problemas internos em seus referidos países. A culpa de seus problemas sempre é do outro e nunca do mesmo.
Colômbia combate de forma incisiva o narcotráfico e acusa a Venezuela de financiar e colaborar com grupos terroristas para enfraquecê-la. Já a Venezuela acusa a Colômbia de apoiar os Estados Unidos em práticas militares e políticas contra ela.
A Colômbia jamais conseguirá acabar com o narcotráfico sem reformas de base profundas. Um agricultor irá cultivar Coca, pois a prática da mesma lhe rende uma boa quantia capaz de sustentar sua família, já que o governo não lhe propõe nenhuma outra atividade tão rentável quanto. Sem falar que sem o dinheiro direto e indireto do tráfico de armas e drogas, o Estado colombiano entra em falência. A economia informal ainda é enorme e gera renda para cerca de 30% da população do país. O governo acusa a Venezuela de fazer “corpo mole” na fronteira entre ambos, o que facilita o transporte de drogas, armas e dinheiro pela fronteira. Mas, por que esse mesmo governo não faz a mesma acusação ao Brasil, que tem um frágil controle de sua fronteira amazônica?
A Venezuela, através de seu líder, adora falar de uma conspiração imperialista liderada pelos Estados Unidos e apoiada pela Colômbia, para desestabilizar seu país. Mas, o maior comprador do petróleo (a maior riqueza do país) são os mesmos Estados Unidos e sem o mesmo, a arrecadação do Estado venezuelano iria à bancarrota. Um país que importa praticamente de tudo, pois Chávez não incentiva nenhum tipo de prática econômica que não seja a extração, refino e transporte do petróleo. A salvação para a sua frágil existência, talvez seja a sua entrada no MERCOSUL, mas ao custo de um grande investimento de base, bancado em grande parte, por dinheiro brasileiro.
Para concluir, creio que seja mais uma pirraça entre irmãos ciumentos e nostálgicos de um passado em que dividiam uma mesma casa (Vice Reino de Nova Granada) e que não volta mais. Mesmo que essas lembranças também não sejam assim tão boas, pois eram subordinados a uma mãe autoritária e violenta (Espanha), que deixou em ambos, cicatrizes eternas. O caminho certo a tomar seria uma boa terapia com um ótimo psiquiatra. Eu conheço um muito bom, um tal de MERCOSUL. Alguém já ouviu falar nele? Eu recomendo. O cara tá conseguindo lidar bem com dois primos que se odiavam, mesmo não tendo feito nada de grave um para o outro. Os nomes dos primos? Argentina e Brasil.

domingo, 25 de julho de 2010

Será que a Direita e a Esquerda perderam o norte?

É comum em se tratando de política, dividir opiniões e direcionamentos em dois “caminhos”, se assim podemos dizer: Direita e Esquerda.

Essa questão surgiu durante a Revolução Francesa. Durante a Fase da Convenção Nacional, os legisladores franceses se reuniam em uma antiga quadra coberta, onde decidiam os rumos políticos do país. Os Jacobinos, que eram os mais radicais, ficavam a esquerda, enquanto os Girondinos, mais conservadores ficavam a Direita e daí, se difundiu os termos partidos de Esquerda ou de Direita.

Esses “caminhos” são constantemente usados para nos referirmos a certos partidos ao redor do Mundo. É claro que em países com uma democracia mais consolidada, como EUA, Reino Unido e França, é mais fácil perceber essa polarização, mas como é no Brasil? Bem, muitos dizem que não existe essa dicotomia política aqui, mas não concordo. Como disse Jorge Furtado, “Esquerda e Direita são posições relativas, não absolutas.”. Além disso, existem dezenas de partidos no país, o que deveria ser um exemplo de democracia, acaba sendo um modelo que dificulta a governabilidade e acaba forçando com que esses partidos se unam em Coligações. É ai que reside o grande problema político brasileiro: As coligações.

Às vezes, imensas, incoerentes politicamente ou impostas de cima pra baixo (entendam, do âmbito federal para o municipal), essas coligações comprometem nosso entendimento acerca do que é direita ou esquerda.

Partidos como o PPS (Partido Progressista Socialista) e PC do B(Partido Comunista do Brasil) que seriam de acordo com a alcunha que carregam de Esquerda, estão em lados opostos na eleição deste ano. Como isso é possível? Bem, são as ben(ou mal)ditas coligações.

Outro equivoco é achar que ser de Esquerda é ser socialista. Até porque, países que tem governos de Esquerda como a Espanha, por exemplo, não são socialistas política e economicamente falando.
Outro erro é achar que toda Ditadura é de direita. Olhem o regime chinês. Politicamente é socialista, mas nem por isso deixa de ser uma ditadura.
No Brasil, essa dualidade é muito mais subjetiva do que em outros países. Durante a Ditadura, as pessoas canhotas eram obrigadas a aprender na força, a serem destras. Tem cabimento uma coisa dessas hoje em dia? Sim, tem por mais incrível que pareça.

Com o perdão do trocadilho, mas a direita no Brasil está desnorteada. Ela se esconde em certos momentos, entre alcunhas esquerdistas. Recusam a sua própria alcunha, assim como um pai se recusa a reconhecer um filho. Em nome das malfadadas coligações, os partidos de direita se submetem à humilhação de outros partidos (leia-se DEM) para que possam ter mais “aliados”. Não se consideram oposição, apenas querem “fazer mais” pelo país, assumindo claramente que o governo atual, (esquerdista sim, apesar dos pesares) vem fazendo um ótimo trabalho.

É como se os partidos de direita estivessem sentados no divã de um analista e não se reconhecessem mais quem são ou que idéias defendem. O PPS, por exemplo, deve “sair do armário” e se assumir como um partido de direita. Não há mal nenhum em ser de direita, mas no Brasil se tem medo de “assumir” como tal.

É mais fácil criticar o lado esquerdo da política com suas medidas “assistencialistas”, do que propor outras medidas que possam melhorar o país.

Em uma democracia é necessária a crítica, mas uma crítica positiva. Se alguém critica o governo, é logo taxado de “direitista” e se elogia, é esquerdista. Uma bobagem.

Já a Esquerda, se apresenta cada vez mais pragmática e multilateralista. Em busca de uma base sólida, fez uma aliança com vários partidos para que possa dar mais governabilidade para o país. Isso é bom ou ruim? Ambos. A política se baseia no legal e ilegal, não no certo e errado, isso é assunto para a moral. Um partido não tem que ser moral, mas seus membros sim. Nesta cruzada, a Esquerda se aliou com partidos “em cima do muro”(PMDB) ou “barrigas de aluguel”(PSB), além de políticos que estão longe de serem de esquerda(Sarney é um exemplo) para que possa vencer a eleição federal. Não respeitou a política estadual e impôs de forma severa e incoerente, alianças descabidas (Hélio Costa contra Fernando Pimentel) para que a candidata federal tivesse “palanque” único. Um absurdo moral, mas politicamente legal.

A esquerda em minha opinião, sofre menos de dilemas políticos e mais de morais.

Para encerrar, devemos sinalizar de forma correta os caminhos políticos brasileiros. Isso significa que as direções políticas no Brasil estão desnorteadas, mas sempre é possível que as mesmas encontrem suas bússolas e voltem ao caminho de suas origens. Cabe ressaltar, somos uma democracia recente e esses dilemas fazem parte da vida de nossa “adolescência” política. Quem sabe, um dia, nos tornaremos uma Democracia “adulta” e bem resolvida em suas convicções. Depende de nós, fazermos da política, uma realidade coletiva.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ao ler um jornal ou ao assistir um telejornal, não confunda moral com política

Eu sei que esse é o enésimo texto sobre a relação conflituosa entre Moral e Política. Mesmo assim, serei o centésimo primeiro a falar sobre o tema.
Sabe como é, eleição chegando, é comum à confusão entre Moral e Política. Mas não podemos confundir.
De acordo com o filósofo francês Sponville, a “moral não nos diz em quem votar, mas sim em quem não votar”. Portanto, se você vai votar na Marina Silva por ela ser evangélica, você está usando a sua moral para resolver algo que é do campo da política. Se você não vai votar na Marina por ela ser evangélica, saiba que estará agindo de forma correta.

Lembram-se do Caso Bill Clinton e Mônica Levinsky? Então, do ponto de vista político, qual foi o erro do Presidente Clinton? Ter feito sexo com a estagiária da Casa Branca, ou ter usado o espaço e o cargo público no qual foi eleito, para fazer sexo com a referida estagiária? Se escolher a segunda opção, agirá de forma correta.

Alguns veículos midiáticos e alguns jornalitas adoram fazer essa “confusão de ordens”, como diz Sponville. Devemos avaliar um político sobre o ponto de vista dos aspectos legais e não morais. Quando alguém diz que não gosta de um determinado político por ele ser feio, arrogante ou mulherengo, eu sinto muito, pois você é um canalha moralizador.

Vamos definir moral. Para Sponville, moral é:

“É o conjunto do que um indivíduo se impõe ou proíbe a si mesmo, não para, antes de mais nada,, aumentar sua felicidade ou seu bem-estar próprios, o que não passaria de egoísmo, mas para levar em conta os interesses ou os direitos do outro, mas para não ser um canalha, mas para permanecer fiel a certa idéia da humanidade e de si. A moral responde à pergunta; ‘O que devo fazer?’ É o conjunto dos meus deveres, em outras palavras, dos imperativos que reconheço legítimos – mesmo que, às vezes, como todo o mundo, eu os viole. É a lei que imponho a mim mesmo, ou que deveria me impor, independentemente do olhar do outro e de qualquer sanção ou recompensa esperadas”.

O objetivo da Moral é deixar de ser individual e se tornar coletiva, universal. “Os canalhas moralizadores são aqueles que, ao invés de pensarem em ‘O que eu devo ser”, se preocupam com “o que os políticos devem ser”. Se o Clinton traiu a sua esposa, do ponto de vista político, isso não me interessa. Agora, se ele utilizou de seu cargo como Presidente para trair sua esposa, ai sim, me interessa.

È comum encontrarmos reportagens relatando casos extraconjugais de políticos ou práticas privadas dos mesmos, como se fossem importantes para nós, eleitores. A discussão deveria ser outra: Será que ele utilizou a sua posição como político, para tais práticas? Será que, a cerveja que determinado político consome, o atrapalha em seu trabalho? Será que a sua religião, o atrapalha em seus julgamentos legais como legislador? Essa é que deveria ser a discussão quanto ao aspecto político e não as ações em si.

Então, quer dizer que os políticos devem ser sujeitos imorais? Claro que não. Só acredito que isso não deve interferir em nossos julgamentos políticos. Volto a ressaltar, se acredita que determinado político é imoral (um conceito particular e subjetivo), não vote nele. O que não pode acontecer é alguém votar em um determinado político por ele ser um sujeito moral.
Ao ler um jornal, ou ao assistir um determinado telejornal, não faça julgamentos morais acerca dos candidatos, caso queira votar nele. Procure no mesmo, competência política e administrativa e não se ele é bonito, legal ou católico.

Para entender melhor as diferenças entre Moral e Política, recomendo o excepcional livro “O Capitalismo é Moral?” de Amdre Comte Sponville.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saramago e a mídia. Uma volta ao Antigo Regime?




Perdemos fisicamente Saramago. Digo fisicamente, pois a sua obra literária é eterna. Não vou mensurar sua capacidade de escrever nem classificá-lo como o maior ou um dos maiores escritores portugueses, pois acredito que toda classificação é reducionista e cá entre nós, Saramago não merece ser classificado em determinadas prateleiras de livrarias.

Mas o que mais me deixa triste é a repercussão de certos veículos midiáticos perante o falecimento do autor de “Ensaio sobre a Cegueira”. Assim como na referida obra, alguns jornalistas parecem ter sofrido da “cegueira branca” e ao invés de analisar a obra de Saramago, passaram a pontuar suas posições políticas e religiosas e pior, julgando o autor português pelas mesmas, como se um julgamento moral tivesse alguma coisa a ver com a sua obra. Quando li “Ensaio sobre a Cegueira”, por exemplo, não me lembro de reduzir a referida obra a uma crítica ao capitalismo ou a sociedade consumista. Um livro clássico é atemporal e por si só, um retrato da humanidade.

Parece que voltamos ao Antigo Regime. Voltaire quando propôs a separação entre Estado e Igreja, acreditava ser mais importante a liberdade de expressão do que nossas convicções sobre a liberdade de expressão. Kant nos dizia que o objetivo da Moral é deixar de ser singular e se tornar coletiva, o que ele chamou de moralização dos valores éticos.

Alguns jornalistas passaram a julgar Saramago por ser ateu e comunista e esqueceram que o mesmo nos deixou livros que vão além de valores morais. Querem “desMORALIZAR” algo que é amoral, ou melhor, que diz respeito apenas ao autor português. Se ele foi ateu e comunista, o que isto me interessa?

A “carolice” de alguns jornalistas se sobrepôs à genialidade literária (essa sim, importante para nós) e começaram a destacar “Seus livros foram criticados pela igreja” ou “apoiou o regime cubano”, como se Saramago tivesse cometido um delito grave e imperdoável.

Assim como disse no inicio, o Saramago, pessoa física, que alguns jornalistas se preocuparam em analisar, pouco me interessa, no melhor sentido da frase. O que me importa é o Saramago dos livros geniais, do caráter íntegro e crítico, o Saramago que me fez redescobrir a literatura portuguesa. Afinal, um escritor que me fez repensar e olhar com mais carinho para a literatura em português não pode ser tratado como qualquer um ou ter suas obras analisadas de acordo com nossas visões morais e religiosas.






domingo, 30 de maio de 2010

A geografia é o fator mais importante da política externa

O geopolítico indiano Parag khanna em seu livro “O Segundo Mundo” diz que, “até que a tecnologia gere uma Matrix, vale o que disse Nicholas Spykman ‘A geografia é o fator mais importante da política externa, pois é o mais permanente’” E ambos estão corretos. As Nações podem mudar seus parceiros econômicos, suas políticas externas, podem sancionar novas leis para proteção de seus produtos e etc, mas não podem transferir seus territórios de um ponto a outro na terra, o máximo que podem é diminuir ou aumentar seus espaços geográficos.

A globalização nos permite escolher nossos parceiros ou aliados econômicos, mas não nossos vizinhos. Quem os define é a Geografia.

O pré-candidato do PSDB a presidência, José Serra parece desconhecer o fator geográfico, ou melhor, “o Pivô Geográfico” brasileiro, como dizia o genial geopolítico britânico Mackinder. O Brasil é o líder geográfico sul-americano e como tal, tem a obrigação de estabelecer laços políticos e econômicos com os seus vizinhos, visando uma cooperação recíproca em prol de melhorias em todos os níveis. Afinal, é preferível ter vizinhos amigos a parentes ou amigos distantes. Ao dizer que seria melhor “flexibilizar” o Mercosul e que, o governo boliviano é conivente com o narcotráfico, José Serra está indo na contramão da História. Ele quer transformar o Brasil no “buraco do pudim”, ou seja, isolar o país e nos manter cercados por “inimigos”, ao invés de termos uma vizinhança próspera e amistosa. Se a geopolítica é uma doença, devemos combatê-la com a Globalização, que é seu antídoto mais eficaz. Mas de que maneira? Bem, para conhecermos a doença, precisamos antes de tudo, estuda - lá ao máximo. Devemos entender o seu funcionamento e depois, encontrar uma maneira de produzir o melhor antídoto para que o mal nunca mais nos acometa. A diplomacia é o melhor mecanismo para se entender e descobrir um meio de “derrotar” a Geopolítica. De acordo com Khanna, existem atualmente três potenciais mundiais: Estados Unidos, União Européia e China. Das três potências, a primeira é uma democracia, a segunda não chega a ser um Estado e sim, uma confederação econômica e por fim a terceira não faz parte da matriz da civilização ocidental. Adotam diplomacias diferentes. Os estadunidenses trabalham com a diplomacia da coalizão, os europeus com a diplomacia do consenso e os chineses, com a da consulta. Bem, e o Brasil? A diplomacia brasileira parece adotar a do multilateralismo.

Alguns consideram a diplomacia do multilateralismo como sinônimo de diplomacia “em cima do muro”, o que não é o meu caso. O Brasil é uma potência regional e como tal, deve buscar a ampliação de suas relações internacionais, seja em nível regional, continental ou global. Abrir mão do Mercosul é um erro, assim como diminuir suas parcerias com a União Européia ou com o Sudeste Asiático também o é.

Multilateralismo não é neutralidade, mas sim um método diplomático de tentar avaliar e diagnosticar as “doenças” causadas pela Geopolítica e assim, encontrar o melhor diagnóstico de cura (uso da globalização de forma correta) para as relações internacionais (entre as nações).

Para evitarmos conflitos, devemos nos unir com nossos vizinhos e ao mesmo tempo, crescer junto com os mesmos. Sabemos que o Brasil é o imã da América do Sul, mas devemos de certa forma, tentar reverter um pouco essa magnetividade em prol dos nossos vizinhos. Ter uma Bolívia com sua população com poder de compra e um bom nível social, significa maior crescimento para as nossas empresas de bens de consumo e consequentemente, mais empregos e mais renda tanto para o Brasil como para a Bolívia. A reciprocidade é a melhor vacina contra a Geopolítica.

A não ser que queiramos espalhar a Guerra. Neste caso, cito Parag khanna novamente que define a guerra como o “botão de ligar e desligar da Geopolítica”. A escolha está em nossas mãos.




quinta-feira, 13 de maio de 2010

As entrelinhas da música

Uma das coisas que eu mais admiro na música é a  sua capacidade de  brincar com a gramática. Uma boa letra de música deve usar e abusar das figuras de linguagem, como por exemplo, das metáforas. Segue a seguir, uma música da banda estadunidense MR BIG(uma das favoritas deste que vos escreve)  chamada "I'll Leave It Up To You".A mesma retrata um cara que usa de palavras e ações lindas para simplesmente convencer a sua amada  a "DAR" pra ele. Os meios(no caso as lindas atitudes e palavras) justificam os fins(Dar pra ele). Sensacional! A música tem que saber brincar com o ouvinte e não ser tão simplista e óbvia.

I'll Leave It Up To You
So it's goodnight
Why don't you take a leap of faith and ask me in
And be temped by the moment
Don't you think it's time
To let imagination dance you from your doubts
So we can fall with abandon
I'll shelter you
In wonder love
Till the midnight skies
Turn blue
But I won't push
I'll leave it up to you

Close your eyes
Can you feel me whisper Closer against your skin
On a bed of velvet roses
With every little touch
My hands could tracer a path Around your heart
Deep and into your secrets

I'll shelter you
In wonder love
Till the midnight skies
Turn blue
But I won't push
I'll leave it up to you

It's only love that is
Crying out
It's in your hands
Tell me baby how do I prove To you somehow
That you should know by now just who I am

Baby, don't be afraid we're Just one more kiss away
Don't waste a perfect moon
But I won't push
I'll leave it up to you
I'll be true to you, Baby

But, I won't push
I'll leave it up to you
leave it up to you, Ohh, yes I will, Uhhh ...
It's All in your Hands,
In your heart


Deixarei a Decisão Com Você
Então é boa noite
Porque você não pega um pouco de fé e me convida pra entrar?
E seja tentada pelo momento
Você não acha que é hora
De deixar a imaginação dançar em torno das suas dúvidas
Então nós podemos cair em abandono

Eu vou te proteger
Com muito amor
Até o céu da meia-noite
Tornar-se azul
Mas eu não vou forçar
Vou deixar a decisão com você

Feche os olhos
Você consegue me sentir suspirando perto da sua pele?
Em uma cama de rosas aveludadas
Com cada pequeno toque
Minhas mãos poderiam traçar um contorno envolta de seu coração
Profundo e em teus segredos

Então é boa noite..
Por que não pega um pouquinho de fé e me chama para entrar?
E fique tentada pelo momento
Não acha que já é hora
De deixar a imaginação acabar com suas dúvidas?
Para que possamos cair em abandono

É só o amor que está
gritando agora
Está nas suas mãos
Me diga, baby, o que eu faço pra te provar de alguma maneira
que você já deveria saber quem eu sou.

Baby, não tenha medo. Nós estamos a apenas um beijo de distância
Não desperdice uma lua perfeita
Mas eu não vou forçar
Deixarei a decião com você
Eu vou ser sincero com você, baby.

Mas eu não vou forçar
Vou deixar a decisão com você
A decisão com você, oh, sim eu vou, uh
Está tudo em suas mãos
e em seu coração

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dando uma de "Professor Pardal"

Amanhã, temos convocação para a Copa do Mundo. Vários nomes são veiculados e sinceramente, não creio em nenhuma surpresa.

Os números do Dunga a frente da seleção brasileira são excelentes, quanto a isso, não se pode questionar. Para mim, o Ganso pode aparecer como reserva do Kaká, que ainda vem se recuperando de lesão. No mais, mais do mesmo. A seguir, cito os jogadores que eu gostaria que fossem convocados e minha lista não é muito diferente da lista do Dunga não, mas utilizo como critérios, fase atual e experiência em seus times e/ou seleção brasileira, seja a principal ou as de base. Vamos a minha lista:

Goleiros:
Júlio César, Vítor e Gomes:
Eu levaria o Gomes pela grande temporada pelo Tottenham, onde o clube londrino se classificou para a Liga dos Campeões. Mas, infelizmente, Doni (que nem na reserva está no Roma) estará na lista pelo critério de “lealdade” do Dunga.

Zagueiros:
Lúcio, Juan, Luizão e Thiago Silva

Todos os zagueiros jogando muito em seus respectivos clubes, com destaque para o Lúcio (o melhor jogador da Liga dos Campeões, na minha opinião) e Luizão, que jogou por ele e pelo David Luiz no Benfica.

Laterais:
Maicon, Daniel Alves, Roberto Carlos e Marcelo

Antes, sobravam laterais esquerdos, mas hoje é o setor mais duvidoso da seleção do Dunga. A lateral direita é de domínio público
Na lateral esquerda, aposto na experiência e na fase do Roberto Carlos e aposto na juventude e na fase do Marcelo no Real Madrid.


Meio de campo

Gilberto Silva, Thiago Motta, Felipe Melo, Kléberson, Ramires,Ganso, Kaká e Elano

Bem, no meio de campo gostaria de ver o Thiago Motta como reserva do Gilberto silva ao invés do Josué. Felipe Melo fez uma temporada tenebrosa pela Juventus,mas na seleção, mostrou seu potencial. Kléberson tem experiência e Ganso, seria a promessa que se precisar jogar, nunca mais sairá da seleção. Elano e Ramires podem não ser aquelas “Coca Colas toda”, mas são úteis a seleção quando jogam, especialmente na marcação.

Atacantes: Nilmar, Luís Fabiano, Robinho e Tardelli

A única dúvida é em relação ao quarto atacante. Se o Dunga levar o Adriano, ele entra em contradição perante seus princípios norteadores de convocação. Minha aposta é no Tardelli, que foi convocado várias vezes e vem jogando muito este ano. Neymar fica pra 2014.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Montesquieu deve rir de nossa Democracia e o exemplo britânico

As eleições do Reino Unido são interessantes e ao mesmo tempo, nos indicam o caminho que o Brasil pode seguir em sua democracia no futuro. Falo isso, pois o Reino Unido é uma democracia (ancorada no sistema político da Monarquia Constitucional desde a Revolução Gloriosa, ocorrida no fim do século XVII) mais que consolidada. As eleições na terra da Rainha Elizabeth funcionam da seguinte maneira: os eleitores não votam no cargo Executivo (Primeiro Ministro), mas sim nos cargos do Legislativo, onde os representantes dos distritos eleitorais mais votados são eleitos para a Câmara dos Comuns, o Parlamento que legisla. Após a eleição, os deputados elegem através do voto, o primeiro ministro, mas é lógico que os deputados votam nos candidatos a primeiro ministro de seus partidos. Em suma, vence o que tiver mais membros no Parlamento britânico. Estranho? Sim, talvez, mas assim, garante ao Partido (e não ao candidato) o governo do país. Gordon Brown, atual Primeiro Ministro, governa o Reino Unido representando o seu partido, o Labour Party, ou Partido dos Trabalhadores (qualquer semelhança não é mera coincidência), mas recentemente, seu partido perdeu a maioria no Parlamento, o que impedia que o mesmo legislasse. Portanto, Brown convocou novas eleições para tentar garantir governabilidade ao Reino Unido.

No Brasil, que é uma democracia recente, elegemos o Executivo (Presidente, já que somos uma República) e o legislativo bicameral (Câmara dos Deputados e Senado). O Reino Unido também tem um legislativo bicameral (Câmara dos Comuns e dos Lordes), mas só elegem a Câmara dos Comuns. A Câmara dos Lordes é formada pela aristocracia britânica, mas que tem pouco, melhor, nenhum poder, assim como a Família Real, que são símbolos vivos da história Britânica.

Voltando ao Brasil, o mais importante na discussão eleitoral brasileira é a eleição do Presidente, mas pouco fará o mesmo sem um legislativo que lhe seja favorável. Sendo assim, ele terá de fazer alianças e barganhas com outros partidos, caso o seu partido não consiga a maioria na Câmara dos Deputados e do Senado. Mas o mais interessante é que os partidos que irão lançar candidatos a presidência este ano, não se preocupam em formar um corpo legislativo que lhe seja favorável, caso  ocorra uma futura eleição de seus candidatos . Portanto, temos partidos no Brasil que se especializam em eleger membros do Executivo e outros que se especializam em eleger membros do Legislativo. Eis o caso do PMDB.

O PMDB desde 1989, domina o legislativo brasileiro e os partidos que estão no Executivo tem de barganhar com o mesmo, para garantir governabilidade e a aprovação das leis que pretendem implementar no país. Em troca, o PMDB ganha cargos nos ministérios e divide o mérito das boas leis e medidas implementadas pelo Executivo e critica as que deram errado. Legal né?

Resumo da ópera: A democracia brasileira engatinha, aliás, ainda está deitada no berço perto da britânica. Lá, o mais importante são os partidos e não as pessoas que representam os partidos. Sem contar que, o voto não é obrigatório e não há propaganda eleitoral nos meios de comunicação. Não adianta pensar um sistema de tripartição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) de forma separada e não integrada. Enquanto os partidos pensarem desta maneira, não teremos uma democracia plena e realmente participativa. Mas eu sou otimista neste país e não esmoreço. Acredito que chegaremos lá, mesmo que demore centenas de anos.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A farsa chamada Tiradentes

Ontem (dia 21 de Abril), foi comemorado o feriado de Tiradentes, o mártir brasileiro. Mas o que poucos sabem, é que o dito cujo nunca foi mártir, pelo menos não do Brasil.
Joaquim José da Silva Xavier, o líder do movimento conhecido como Inconfidência Mineira, foi “criado” mártir após a proclamação da República em 1889 pela junta militar que governou o país.

Ao assumirem o governo, os militares queriam esquecer os ídolos nacionais ligados à família real e precisavam de alguém para substituí-los no coração da população da recente República.

Eis que surge do Limbo a figura de Tiradentes, que além do mais, era Alferes, uma espécie de Militar da época.

È comum os quadros e as pinturas, retratarem Tiradentes como uma figura muito parecida com outro mártir da humanidade, Jesus Cristo. Sabemos que ele não era barbudo e cabeludo, pois é proibido entre os militares até hoje, tais maneirismos estéticos.

Tiradentes sempre exaltou os ideais iluministas, principalmente porque em seu círculo de amizades, existiam pessoas que estudaram em Coimbra e em Paris e que conheceram Benjamin Franklin e Thomas Jéferson, que foram embaixadores dos Estados Unidos na França.

Tiradentes era adepto da Independência da Capitania de Minas Gerais junto as lusos e na época, não se pensava na idéia de um Brasil, até mesmo porque as capitanias não mantinham contato entre si.

Tiradentes era escravista, inclusive, possuía alguns cativos e queria fazer de São João Del Rey a capital do País Minas Gerais. A Inconfidência foi um movimento de elite e nem chegou a acontecer. Mas então, por que louvamos Tiradentes?

Ora, para uma República recém criada, precisávamos de um ídolo militar que teria lutado por nossa “liberdade”. Se a França tinha Napoleão, os Estados Unidos tinham George Washington e o Reino Unido tinha o Almirante Nelson, por que o Brasil não teria o seu ídolo militar? Então, criaram a figura libertária e nacionalista de Tiradentes.

E você, vai cair nessa também?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O segredo dos seus olhos me revelam a paixão

Assim que acabei de assistir ao maravilhoso filme argentino “O Segredo dos Seus Olhos”, me peguei pensando: É incrível como a paixão, ou a falta da mesma, comanda nossa existência. O Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ao longo de suas duas horas de projeção, nos brinda com perspectivas e pontos de vista ligados a esse sentimento, desde a falta de coragem do personagem principal de declarar o seu amor a sua superiora, até o álcool como à motivação passional de seu melhor amigo.
O que mais impressiona nesta obra prima de Campanella, é a simplicidade dos personagens e por conseqüência disso, o carisma dos mesmos que, se tornam figuras tão reais para nós ao longo da projeção, que passamos a torcer por alguns e querer o sofrimento de outros.
Além de contar com um roteiro que oscila muito bem entre a comédia, drama e é claro, o romance, de uma forma muito natural e sem soar piegas ou até mesmo, melodramático. Claro, que é possível perceber referências a Ditadura e a corrupção, mas cabe ressaltar, a paixão.

Como se consegue viver após perder tudo que lhe trazia a vontade de estar vivo? Como se esquece ou se afasta de uma paixão? Todos os personagens do filme são vítimas de suas paixões, desde o marido que teve sua esposa assassinada de forma cruel, passando pelo assassino, que foi capturado pela sua fragilidade perante a sua paixão e por fim, o personagem de Ricardo Darin, que apesar de passar tanto tempo, não consegue se esquecer ou até mesmo, viver sem a sua paixão.

Filme pra ver, rever, pensar e repensar como uma vida sem paixão é uma vida cheia de morte. Em um determinado momento do filme, passamos a entender que tudo que um personagem quer é ser morto, mas como não encontra uma maneira de atingir seu objetivo, passa a morrer em vida.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A China, o Google e os valores culturais alheios

A China está em uma encruzilhada ou a mídia internacional nos faz pensar que esteja? Perdoem o trocadilho, mas o Império do Meio nunca esteve tão em cima do muro como agora. Estamos falando de uma potência que a cada 10 anos, desde 1978, duplica o seu PIB, graças a uma ditadura política baseada na meritocracia. Sim, fazer um país crescer economicamente é muito mais fácil em uma ditadura do que em uma democracia, isso é fato. Mas quem disse que a China não é democrática? A democracia é um ponto de vista. Parag Khanna diz que a Palavra democracia em Mandarim tem a mesma pronúncia e escrita que a palavra porco. É consenso geral que se a China, um dia quiser ser um país desenvolvido, terá de ser uma democracia, mas qual modelo de democracia será adotado? O modelo ocidental ou o modelo oriental confucionista?”Toss the dices!!!” como diz Thomas Friedman
Estamos assistindo recentemente a um embate entre uma empresa transnacional de sistemas de informação e os censores informacionais chineses. Nesta batalha não haverá vencedores ou perdedores, pelo menos, não como estamos acostumados a assistir em conflitos bélicos. A “Teoria da Dell para a prevenção de conflitos” como diz Friedman, tem funcionado de maneira eficaz para evitar esses conflitos.
Deng Xiaoping aliou suas teorias liberais a uma estrutura política socialista maoísta, criando um regime singular, para não dizer paradoxal, de Ditadura democrática. A Meritocracia garante aos chineses, ascensão política e econômica a qualquer pessoa no partido comunista e isso gera renovação governamental (que é o problema cubano), a permanência e obediência ao sistema comunista.
O sistema de saúde, educação e segurança (outras heranças maoístas), garantem a satisfação, ou pelo menos, o conformismo dos chineses rurais (80% da população). È como se todas as coisas boas deixadas pelo socialismo fossem mantidas e as ruins, fossem alteradas de acordo com a lógica de mercado. Outra característica fundamental é a religião-filosofia confucionista, que molda desde conceitos religiosos, até morais e éticos chineses, criando uma cultura do coletivo e do trabalho para o bem da nação. Esses ideais Han estão sendo transmitidos (a força ou não) aos chineses não Han de forma bastante incisiva.
Não adianta as “estrelas” ocidentais protestarem pela libertação do Tibete, daqui a algumas décadas, não existirão mais tibetanos, mas chineses de origem tibetana e eles terão ascensão política e econômica, que não vão se importar em ser chineses. A diplomacia chinesa não conquista territórios, os compra, mas deixando os antigos “donos” serem acionistas minoritários, o que é uma vantagem para um povo, pois melhor ganhar pouco do que nada.
O nosso problema é querer ver a China de acordo com nossos conceitos culturais e históricos. Ao nos revoltarmos com a censura chinesa ao Google, estamos ao mesmo tempo, certos e errados. Porque acreditamos que devemos exportar nossos valores morais para o mundo e fazer destes, valores éticos. Pergunte a alguém miserável se ele prefere ter acesso a um sistema de saúde e educacão de qualidade ou direito a assistir televisão e ler jornais? Há prioridades mais prioritárias e à medida que essas prioridades são supridas, surgem outras e assim segue. Não defendo a censura, mas em um países com desigualdades abissais como a China e nosso , é difícil definir quais são as prioridades de cada individuo. Alguns chineses sentem necessidade de livre acesso a informação, mas para outros, isso está tão longe de suas ambições que, chega a ser desumano.
Para concluir, leiam se possível, várias opiniões acerca deste tema e procure você mesmo chegar a uma consideração, mas não tente chegar a uma conclusão. Isso é impossível. Acreditem em mim, a dúvida é muito mais inspiradora que a certeza. È preferível à dúvida coletiva a certeza particular.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mais mapas interessantes

Um cartograma que utiliza o mapa dos Estados Unidos como se fosse um sistema circulatório com o objetivo de mostrar o quanto é importante a reforma do sistema de saúde para os estadunidenses



 Quais são os países com o maior consumo de vinho tinto per capita do mundo




 E quem disse que não existem teorias panlusitanas?




 Como os ingleses veem o mundo?




Comparação territorial entre algumas das principais cidades do mundo


Mais no site www.strangemaps.wordpress.com

Meu vício no site Strange maps

Bem, devo assumir meu vício e admiração pelo site www.strangemaps.wordspress.com. È um site que mapeia tudo, de pessoas a objetos. Além disso, disponibiliza mapas históricos que, além de serem obras primas, são representações culturais de povos e suas maneiras de enxergar e avaliar o mundo.

Por exemplo: Quando os estadunidenses não entendem uma língua, eles dizem que a pessoa está falando grego para ela. Partindo desse argumento, eles elaboraram um fluxograma que demonstra para outros povos as línguas ininteligíveis e qual a analogia que os mesmos fazem com uma determinada linguagem. Eis a seguir o referido fluxograma:


Outro exemplo é o seguinte argumento: E se a Alemanha não existisse? Eis o mapa



Como os franceses enxergam o mundo?



Como na prática é o Estado palestino? Um arquipélago no meio do mar de areia




Recomendo o site para que possamos refletir e principalmente observar como os mapas contam histórias e são essenciais para entendermos o mundo em que vivemos

Acessem: strangemaps.wordpress.com

segunda-feira, 8 de março de 2010

Os racistas são os outros. A polêmica das cotas raciais e a hipocrisia alheia.

Não sou fã de Jean Paul Sartre. O filósofo francês sempre privilegiou a História como ciência, negligenciando a Geografia. Mas ele dizia que “o inferno são os outros” e essa frase se encaixa como uma luva em relação ao debate sobre as cotas raciais em universidades.

Durante a semana passada, muito se falou, mas pouco se refletiu sobre as cotas para negros em universidades públicas. A discussão ficou restrita ao passado, mas a um passado subjetivo. Se os negros foram molestados ou mantinham relações consensuais com os colonizadores não sei dizer, talvez ambos, mas em minha opinião, isso é perfumaria. Refletir o passado para não cometer os mesmos erros no presente é o clichê da história que ambos os lados parecem ter se esquecido.

Engraçado, mas o racista sempre é o outro. Há opiniões enfadonhas para não dizer patéticas sobre a escravidão no Brasil. Os radicais do movimento negro chegam a refutar gênios acadêmicos como Gilberto Freire e Joaquim Nabuco, pelo que ambos publicaram sobre a relação entre colonizado e colonizador, mesmo sabendo que o que foi dito é verdadeiro.

Já outros defensores da “tradicional elite branca do país” dizem que as cotas raciais irão fomentar os conflitos étnicos, que há muito tempo, não ocorrem no país.

A democracia é uma benção. A mesma permite que opiniões e pontos de vista sejam explicitados, mesmo que as pessoas que o fazem não tenham a mínima idéia do que estão dizendo.

Sabemos que o racismo é o principal ídolo do nacionalismo e tem suas raízes lá no historicamente distante Paleolítico. Hoje, é o principal combustível das teorias da conspiração e das teses reacionárias.

Mas, ao criar cotas raciais na Universidade, estamos estabelecendo uma política racista e discriminatória. Os “especialistas” dizem que é uma discriminação positiva. Mas, então temos um paradoxo. Mas, se é uma discriminação, como pode ser positiva?

Por outro lado, é claro que os pobres (em especial os negros pobres) têm uma participação muito menor nas universidades públicas e que isso deve ser de certa forma, combatido.

É um assunto complexo demais para ser tratado como um maniqueísmo ou como uma briga entre “raças”. Se realmente quisermos discutir e criar políticas públicas afirmativas sejam elas quais forem, devemos primeiramente olhar para nós mesmos.

Devemos reavaliar nossos racismos e nossas visões de mundo. Nossos preconceitos e evitar nossas discriminações.

Se esse país quer ser levado a sério, deve aprender a analisar o seu passado, mas com um prisma voltado para o presente, ou seja, discutir aquilo que for realmente importante para evitar que os erros sejam repetidos e os acertos sejam mantidos ou não.

Para terminar deixo um trecho da Música “Amazing” do Aerosmith, em homenagem ao retorno desta grande banda.

“Talvez a luz no fim do túnel seja você”

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um clássico do Richie Kotzen

Eis uma música maravilhosa  do genial Richie kotzen sobre o amor. Dedico a minha querida e amada Talita!!

A Woman & A Man

Um Homem E Uma Mulher

The light is dime, her pulse is racingA luz é uma moeda, a pulsação dela esta correndo
Her eyes meet his, no need for spoken words os olhos dela encontram os dele, não precisam de palavaras
The night is young, people are laughing A noite é uma criança, pessoas estão rindo
And in the corner a new love is happening E em algum canto, um novo amor está acontecendo
Everyone wants one thing money can't buyTodo mundo quer uma coisa que o dinheiro não pode comprar
Love won't come from working your day job O amor não virá de um dia de trabalho
And no criminal or rich man can beg, steal or borrow e nenhum homem criminoso ou rico pode suplicar, roubar ou emprestar
The love between a woman and a man o Amor entre uma mulher e um homem
He takes her hand as they dance to their song Ele pega a mão dela conforme eles dançam
She whispers to him "I been waited so long " ela sussura pra ele "Eu esperei por muito tempo"
Everyone wants one thing money can't buyTodo mundo quer uma coisa que o dinheiro não pode comprar
Love won't come from working your day job O amor não virá de um dia de trabalho
And no criminal or rich man can beg, steal or borrow e nenhum homem criminoso ou rico pode suplicar, roubar ou emprestar
The love between a woman and a man o Amor entre uma mulher e um homem
There's nothing true love won't bring youNão há nada que o amor verdadeiro não lhe trará
Two hearts as one is what we're craving Dois corações como um é o que nós desejamos fazer
To make it baby
Everyone wants one thing money can't buyTodo mundo quer uma coisa que o dinheiro não pode comprar
Love won't come from working your day job O amor não virá de um dia de trabalho
And no criminal or rich man can beg, steal or borrow e nenhum homem criminoso ou rico pode suplicar, roubar ou emprestar
The love between a woman and a man o Amor entre uma mulher e um homem
Everyone wants one thing money can't buyTodo mundo quer uma coisa que o dinheiro não pode comprar
Love won't come from working your day job O amor não virá de um dia de trabalho
And no criminal or rich man can beg, steal or borrow e nenhum homem criminoso ou rico pode suplicar, roubar ou emprestar
The love between a woman and a man o Amor entre uma mulher e um homem

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

7 passos para fazer sucesso com uma musica de axé

Como Fazer uma música de Axé

Para criar uma música de axé que alcance certo sucesso, é preciso seguir rigorosamente os passos que seguem a seguir:

1- Tem de haver referências à Bahia, em especial, a sua capital, Salvador. Além, claro, dos pontos turísticos soteropolitanos, como por exemplo, o Farol da Barra, Praça Castro Alves e o preferido dos “axereiros”, o Pelourinho, ou melhor, a sua contração nominal, Pelô.

2- As músicas também tem de ter coros onomatopéicos, em especial vocálicos, como OOOOOO ou EEEEE ou até mesmo, a mescla de vogais como OIIIEEEE ou AaaaEEEEEE.

3- Não se preocupe com a melodia ou ritmo das músicas. São sempre os mesmos acordes e andamentos e fique tranqüilo, pois não irão te processar por plágio, por dois contundentes motivos: Primeiro, existe um corporativismo baiano e segundo, eles não sabem realmente quem foi o primeiro a criar esses ritmos e melodias, portanto, é possível que o denunciante por plágio, acabe sendo considerado culpado pela mesma acusação.

4- Invente uma coreografia que acompanhe a música, pois assim, as pessoas não irão prestar atenção no que é dito pela música por estarem ocupados demais nos passos e gestos da coreografia.

5- Se você montar uma banda de Axé e for um homem, sempre exiba uma guitarra, mesmo que você não saiba tocar, pois o som da mesma dificilmente é audível. Agora se você é uma mulher, é necessariamente que você tenha um tom de voz muito parecido com o da Musa dos baianos. Refiro-me a Ivete Sangalo. Caso não tenha um tom de voz parecido com a referida cantora, procure ser alguém que use figurinos ligados aos das religiões afro-brasileiras e insira no meio das canções, trechos ligados a essas religiões.

6- Insira sem dó nem piedade palavras como festa, mulher, praia, ou seja, palavras que se refiram a situações de alegria, êxtase e gozo. Nada de coisas tristes ou temas sociais

7- Seja ou procure se tornar amigo de pessoas influentes no meio do axé, como por exemplo, Preta Gil. Eu sei que você pode até ódia-la, mas procure estar próxima dela e demonstre ser amigo da mesma. Ela tem contatos fortes na mídia fonográfica e você se dará bem.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Melhor maneira de saber noticias sobre o Haiti

Quem quiser saber das noticias de uma maneira mais abalizada, é só acessar o blog dos pesquisadores da UNICAMP, que estão in loco.

http://lacitadelle.wordpress.com/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Atentado a seleção de Togo, Conferência de Berlim e África.

Atentado a seleção de Togo, Conferência de Berlim e África. Quais as relações entre estes? Várias.

Semana passada, o ônibus da seleção de futebol do Togo, um pequeno país situado na costa Noroeste da África, sofreu um atentado a tiros, em que o ônibus foi metralhado por terroristas da região separatista de Cabinda, que busca a secessão de Angola.

Para que possamos entender o atentado, é preciso fazer um resgate histórico. Em 1884, a pedido do recém formado Estado-Nação alemão, foi realizada a chamada Conferência de Berlim, que tinha o objetivo de dividir os territórios africanos e asiáticos entre os países europeus. Nesta divisão, que foi feita com mapas do século XVIII e sem considerar as tribos e as suas respectivas distribuições espaciais, ficou definido que o Protetorado de Cabinda, ou Congo português, como os lusos chamavam, seria uma região autônoma sob controle português. Como tinha saída para o mar, os belgas, “donos” do Congo belga, que fazia fronteira com Cabinda, reivindicaram junto aos portugueses, uma parte do referido território para que o Congo Belga tivesse saída para o oceano.

Sendo assim, Cabinda foi novamente “retalhada” e passou a depender da permissão dos portugueses de Angola para ter acesso ao oceano. Com o fim da ocupação portuguesa a Angola em novembro de 1975, o país se tornou “independente” de Portugal e anexou Cabinda em definitivo, pondo fim ao Protetorado português. A partir de então, o famigerado território busca a secessão perante aos angolanos que passaram a enfrentar guerras civis dentro de seu território, para decidir que grupo étnico assumiria o controle do país.

Eis que na semana passada, Cabinda finalmente conseguiu o que sempre buscou. Reconhecimento internacional, graças ao atentado a seleção togolesa de futebol. E o que Togo tem ver com Cabinda? Nada. Simplesmente, deram “azar” de passar pelo território e foram bodes expiatórios para o conflito civil angolano.

A “culpa” disso tudo recai sobre a referida Conferência de Berlim e as fronteiras artificiais estabelecidas por burocratas que mal sabiam a diferença entre Estado e Nação.

Assim como o Oriente Médio, é impossível analisar conflitos étnicos na África sem pensar na referida conferência. A mídia se preocupa em revelar de forma muito superficial, certos conflitos mundiais. Cabinda é realmente uma região muito rica em petróleo e diamantes, mas o conflito é muito mais complexo e tem mais condicionantes do que estes.

A imposição da religião católica feita pelos portugueses em detrimento das religiões africanas, também é um condicionante importante na região. A rivalidade entre os Bantos angolanos e Zulus sul-africanos, o imperialismo dos sul-africanos em Angola, entre outros fatores, devem ser analisados para se entender a situação em Cabinda.

Enfim, para mais informações, acessem o link abaixo, que leva para o site oficial do governo de Cabinda. Vale a pena ler!! Está em português!!

http://www.cabinda.org/portugues.htm

domingo, 3 de janeiro de 2010

A volta dos Neomalthusianos

De maneira recorrente, alguns ambientalistas brasileiros ou não, voltam a pedir um controle de natalidade para diminuir a pobreza e a devastação ambiental. Sempre que o mundo está em “perigo”, os Neomalthusianos ressurgem das cinzas e do limbo, envocando o nome do Bispo inglês Thomas Malthus, o criador da corrente homônima. Para Malthus, a população mundial cresce em progressão geométrica (1,2,4,8,16,32,64...), enquanto a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética(1,2,3,4,5,6,7,8,9,10....). O bispo inglês também dizia que é impossível “crescer infinitamente em um espaço finito”.
Os “novos” malthusianos de acordo com o Wikipédia acreditam que “uma população numerosa seria um obstáculo ao desenvolvimento e levaria ao esgotamento dos recursos naturais, ao desemprego e à pobreza. Afirmam também que é possível melhorar a produtividade da terra com uso de novas tecnologias, e que é possível reduzir o ritmo de crescimento da população através do planejamento familiar.”.
Essa teoria ela tem um apelo quase que lógico, correto? Afinal, os recursos naturais são finitos e a população não cansa de crescer e isso futuramente, irá levar o planeta a um colapso, correto? Errado.
Projeções mostram que a população mundial está em uma fase de estagnação e que nos anos a seguir, a mesma tende a diminuir. Mas como? Simples, ao contrário do que pensam os Neomalthusianos, o crescimento populacional é a conseqüência da pobreza e não a sua causa.
A partir do momento em que a educação, os métodos contraceptivos, a saúde, saneamento, acesso a trabalho ocorrem, a população de um determinado local tende a diminuir.
Em um mundo globalizado, essas teorias se espacializam de forma específica em determinados países. A Índia e o Bangladesh, por exemplo, são países que sofrem e sofrerão ainda mais com o excesso de população, que se prolifera em péssimas condições de saúde. Já a Rússia, perde 500.000 habitantes por ano e também sofre de maneira inversa dos problemas populacionais. Países como a China, que através de um rígido método de controle de natalidade, sofre da chamada “Síndrome do Filho Único”, que desequilibra os gêneros de sua população.
Enfim, para fechar, não devemos generalizar ou particularizar fenômenos que nos atingem de maneira global. Os ambientalistas às vezes esquecem que, o país que mais consome recursos agrícolas do mundo são os Estados Unidos, que tem uma população de 300 milhões de habitantes, ou seja, menos de um terço da China, que é o mais populoso. Outra coisa obvia é que não faltam alimentos, mas sim uma melhor distribuição dos mesmos. Achar que diminuindo a população, irá poluir menos é burrice. Uma criança estadunidense consome diariamente comida que seria capaz de alimentar 6 indianos e 10 bengalis. É preciso rever conceitos culturais, econômicos e principalmente, políticos e não simplesmente imbutir a culpa no crescimento populacional.
Aliás, não nos esqueçamos que o Ser Humano faz parte do Meio Ambiente. Então, antes de se preocupar com o Urso Polar que vê sua casa derreter, se preocupe com a criança que não tem nem gelo para chupar e “enganar” a fome.