domingo, 30 de maio de 2010

A geografia é o fator mais importante da política externa

O geopolítico indiano Parag khanna em seu livro “O Segundo Mundo” diz que, “até que a tecnologia gere uma Matrix, vale o que disse Nicholas Spykman ‘A geografia é o fator mais importante da política externa, pois é o mais permanente’” E ambos estão corretos. As Nações podem mudar seus parceiros econômicos, suas políticas externas, podem sancionar novas leis para proteção de seus produtos e etc, mas não podem transferir seus territórios de um ponto a outro na terra, o máximo que podem é diminuir ou aumentar seus espaços geográficos.

A globalização nos permite escolher nossos parceiros ou aliados econômicos, mas não nossos vizinhos. Quem os define é a Geografia.

O pré-candidato do PSDB a presidência, José Serra parece desconhecer o fator geográfico, ou melhor, “o Pivô Geográfico” brasileiro, como dizia o genial geopolítico britânico Mackinder. O Brasil é o líder geográfico sul-americano e como tal, tem a obrigação de estabelecer laços políticos e econômicos com os seus vizinhos, visando uma cooperação recíproca em prol de melhorias em todos os níveis. Afinal, é preferível ter vizinhos amigos a parentes ou amigos distantes. Ao dizer que seria melhor “flexibilizar” o Mercosul e que, o governo boliviano é conivente com o narcotráfico, José Serra está indo na contramão da História. Ele quer transformar o Brasil no “buraco do pudim”, ou seja, isolar o país e nos manter cercados por “inimigos”, ao invés de termos uma vizinhança próspera e amistosa. Se a geopolítica é uma doença, devemos combatê-la com a Globalização, que é seu antídoto mais eficaz. Mas de que maneira? Bem, para conhecermos a doença, precisamos antes de tudo, estuda - lá ao máximo. Devemos entender o seu funcionamento e depois, encontrar uma maneira de produzir o melhor antídoto para que o mal nunca mais nos acometa. A diplomacia é o melhor mecanismo para se entender e descobrir um meio de “derrotar” a Geopolítica. De acordo com Khanna, existem atualmente três potenciais mundiais: Estados Unidos, União Européia e China. Das três potências, a primeira é uma democracia, a segunda não chega a ser um Estado e sim, uma confederação econômica e por fim a terceira não faz parte da matriz da civilização ocidental. Adotam diplomacias diferentes. Os estadunidenses trabalham com a diplomacia da coalizão, os europeus com a diplomacia do consenso e os chineses, com a da consulta. Bem, e o Brasil? A diplomacia brasileira parece adotar a do multilateralismo.

Alguns consideram a diplomacia do multilateralismo como sinônimo de diplomacia “em cima do muro”, o que não é o meu caso. O Brasil é uma potência regional e como tal, deve buscar a ampliação de suas relações internacionais, seja em nível regional, continental ou global. Abrir mão do Mercosul é um erro, assim como diminuir suas parcerias com a União Européia ou com o Sudeste Asiático também o é.

Multilateralismo não é neutralidade, mas sim um método diplomático de tentar avaliar e diagnosticar as “doenças” causadas pela Geopolítica e assim, encontrar o melhor diagnóstico de cura (uso da globalização de forma correta) para as relações internacionais (entre as nações).

Para evitarmos conflitos, devemos nos unir com nossos vizinhos e ao mesmo tempo, crescer junto com os mesmos. Sabemos que o Brasil é o imã da América do Sul, mas devemos de certa forma, tentar reverter um pouco essa magnetividade em prol dos nossos vizinhos. Ter uma Bolívia com sua população com poder de compra e um bom nível social, significa maior crescimento para as nossas empresas de bens de consumo e consequentemente, mais empregos e mais renda tanto para o Brasil como para a Bolívia. A reciprocidade é a melhor vacina contra a Geopolítica.

A não ser que queiramos espalhar a Guerra. Neste caso, cito Parag khanna novamente que define a guerra como o “botão de ligar e desligar da Geopolítica”. A escolha está em nossas mãos.




quinta-feira, 13 de maio de 2010

As entrelinhas da música

Uma das coisas que eu mais admiro na música é a  sua capacidade de  brincar com a gramática. Uma boa letra de música deve usar e abusar das figuras de linguagem, como por exemplo, das metáforas. Segue a seguir, uma música da banda estadunidense MR BIG(uma das favoritas deste que vos escreve)  chamada "I'll Leave It Up To You".A mesma retrata um cara que usa de palavras e ações lindas para simplesmente convencer a sua amada  a "DAR" pra ele. Os meios(no caso as lindas atitudes e palavras) justificam os fins(Dar pra ele). Sensacional! A música tem que saber brincar com o ouvinte e não ser tão simplista e óbvia.

I'll Leave It Up To You
So it's goodnight
Why don't you take a leap of faith and ask me in
And be temped by the moment
Don't you think it's time
To let imagination dance you from your doubts
So we can fall with abandon
I'll shelter you
In wonder love
Till the midnight skies
Turn blue
But I won't push
I'll leave it up to you

Close your eyes
Can you feel me whisper Closer against your skin
On a bed of velvet roses
With every little touch
My hands could tracer a path Around your heart
Deep and into your secrets

I'll shelter you
In wonder love
Till the midnight skies
Turn blue
But I won't push
I'll leave it up to you

It's only love that is
Crying out
It's in your hands
Tell me baby how do I prove To you somehow
That you should know by now just who I am

Baby, don't be afraid we're Just one more kiss away
Don't waste a perfect moon
But I won't push
I'll leave it up to you
I'll be true to you, Baby

But, I won't push
I'll leave it up to you
leave it up to you, Ohh, yes I will, Uhhh ...
It's All in your Hands,
In your heart


Deixarei a Decisão Com Você
Então é boa noite
Porque você não pega um pouco de fé e me convida pra entrar?
E seja tentada pelo momento
Você não acha que é hora
De deixar a imaginação dançar em torno das suas dúvidas
Então nós podemos cair em abandono

Eu vou te proteger
Com muito amor
Até o céu da meia-noite
Tornar-se azul
Mas eu não vou forçar
Vou deixar a decisão com você

Feche os olhos
Você consegue me sentir suspirando perto da sua pele?
Em uma cama de rosas aveludadas
Com cada pequeno toque
Minhas mãos poderiam traçar um contorno envolta de seu coração
Profundo e em teus segredos

Então é boa noite..
Por que não pega um pouquinho de fé e me chama para entrar?
E fique tentada pelo momento
Não acha que já é hora
De deixar a imaginação acabar com suas dúvidas?
Para que possamos cair em abandono

É só o amor que está
gritando agora
Está nas suas mãos
Me diga, baby, o que eu faço pra te provar de alguma maneira
que você já deveria saber quem eu sou.

Baby, não tenha medo. Nós estamos a apenas um beijo de distância
Não desperdice uma lua perfeita
Mas eu não vou forçar
Deixarei a decião com você
Eu vou ser sincero com você, baby.

Mas eu não vou forçar
Vou deixar a decisão com você
A decisão com você, oh, sim eu vou, uh
Está tudo em suas mãos
e em seu coração

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dando uma de "Professor Pardal"

Amanhã, temos convocação para a Copa do Mundo. Vários nomes são veiculados e sinceramente, não creio em nenhuma surpresa.

Os números do Dunga a frente da seleção brasileira são excelentes, quanto a isso, não se pode questionar. Para mim, o Ganso pode aparecer como reserva do Kaká, que ainda vem se recuperando de lesão. No mais, mais do mesmo. A seguir, cito os jogadores que eu gostaria que fossem convocados e minha lista não é muito diferente da lista do Dunga não, mas utilizo como critérios, fase atual e experiência em seus times e/ou seleção brasileira, seja a principal ou as de base. Vamos a minha lista:

Goleiros:
Júlio César, Vítor e Gomes:
Eu levaria o Gomes pela grande temporada pelo Tottenham, onde o clube londrino se classificou para a Liga dos Campeões. Mas, infelizmente, Doni (que nem na reserva está no Roma) estará na lista pelo critério de “lealdade” do Dunga.

Zagueiros:
Lúcio, Juan, Luizão e Thiago Silva

Todos os zagueiros jogando muito em seus respectivos clubes, com destaque para o Lúcio (o melhor jogador da Liga dos Campeões, na minha opinião) e Luizão, que jogou por ele e pelo David Luiz no Benfica.

Laterais:
Maicon, Daniel Alves, Roberto Carlos e Marcelo

Antes, sobravam laterais esquerdos, mas hoje é o setor mais duvidoso da seleção do Dunga. A lateral direita é de domínio público
Na lateral esquerda, aposto na experiência e na fase do Roberto Carlos e aposto na juventude e na fase do Marcelo no Real Madrid.


Meio de campo

Gilberto Silva, Thiago Motta, Felipe Melo, Kléberson, Ramires,Ganso, Kaká e Elano

Bem, no meio de campo gostaria de ver o Thiago Motta como reserva do Gilberto silva ao invés do Josué. Felipe Melo fez uma temporada tenebrosa pela Juventus,mas na seleção, mostrou seu potencial. Kléberson tem experiência e Ganso, seria a promessa que se precisar jogar, nunca mais sairá da seleção. Elano e Ramires podem não ser aquelas “Coca Colas toda”, mas são úteis a seleção quando jogam, especialmente na marcação.

Atacantes: Nilmar, Luís Fabiano, Robinho e Tardelli

A única dúvida é em relação ao quarto atacante. Se o Dunga levar o Adriano, ele entra em contradição perante seus princípios norteadores de convocação. Minha aposta é no Tardelli, que foi convocado várias vezes e vem jogando muito este ano. Neymar fica pra 2014.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Montesquieu deve rir de nossa Democracia e o exemplo britânico

As eleições do Reino Unido são interessantes e ao mesmo tempo, nos indicam o caminho que o Brasil pode seguir em sua democracia no futuro. Falo isso, pois o Reino Unido é uma democracia (ancorada no sistema político da Monarquia Constitucional desde a Revolução Gloriosa, ocorrida no fim do século XVII) mais que consolidada. As eleições na terra da Rainha Elizabeth funcionam da seguinte maneira: os eleitores não votam no cargo Executivo (Primeiro Ministro), mas sim nos cargos do Legislativo, onde os representantes dos distritos eleitorais mais votados são eleitos para a Câmara dos Comuns, o Parlamento que legisla. Após a eleição, os deputados elegem através do voto, o primeiro ministro, mas é lógico que os deputados votam nos candidatos a primeiro ministro de seus partidos. Em suma, vence o que tiver mais membros no Parlamento britânico. Estranho? Sim, talvez, mas assim, garante ao Partido (e não ao candidato) o governo do país. Gordon Brown, atual Primeiro Ministro, governa o Reino Unido representando o seu partido, o Labour Party, ou Partido dos Trabalhadores (qualquer semelhança não é mera coincidência), mas recentemente, seu partido perdeu a maioria no Parlamento, o que impedia que o mesmo legislasse. Portanto, Brown convocou novas eleições para tentar garantir governabilidade ao Reino Unido.

No Brasil, que é uma democracia recente, elegemos o Executivo (Presidente, já que somos uma República) e o legislativo bicameral (Câmara dos Deputados e Senado). O Reino Unido também tem um legislativo bicameral (Câmara dos Comuns e dos Lordes), mas só elegem a Câmara dos Comuns. A Câmara dos Lordes é formada pela aristocracia britânica, mas que tem pouco, melhor, nenhum poder, assim como a Família Real, que são símbolos vivos da história Britânica.

Voltando ao Brasil, o mais importante na discussão eleitoral brasileira é a eleição do Presidente, mas pouco fará o mesmo sem um legislativo que lhe seja favorável. Sendo assim, ele terá de fazer alianças e barganhas com outros partidos, caso o seu partido não consiga a maioria na Câmara dos Deputados e do Senado. Mas o mais interessante é que os partidos que irão lançar candidatos a presidência este ano, não se preocupam em formar um corpo legislativo que lhe seja favorável, caso  ocorra uma futura eleição de seus candidatos . Portanto, temos partidos no Brasil que se especializam em eleger membros do Executivo e outros que se especializam em eleger membros do Legislativo. Eis o caso do PMDB.

O PMDB desde 1989, domina o legislativo brasileiro e os partidos que estão no Executivo tem de barganhar com o mesmo, para garantir governabilidade e a aprovação das leis que pretendem implementar no país. Em troca, o PMDB ganha cargos nos ministérios e divide o mérito das boas leis e medidas implementadas pelo Executivo e critica as que deram errado. Legal né?

Resumo da ópera: A democracia brasileira engatinha, aliás, ainda está deitada no berço perto da britânica. Lá, o mais importante são os partidos e não as pessoas que representam os partidos. Sem contar que, o voto não é obrigatório e não há propaganda eleitoral nos meios de comunicação. Não adianta pensar um sistema de tripartição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) de forma separada e não integrada. Enquanto os partidos pensarem desta maneira, não teremos uma democracia plena e realmente participativa. Mas eu sou otimista neste país e não esmoreço. Acredito que chegaremos lá, mesmo que demore centenas de anos.