domingo, 25 de julho de 2010

Será que a Direita e a Esquerda perderam o norte?

É comum em se tratando de política, dividir opiniões e direcionamentos em dois “caminhos”, se assim podemos dizer: Direita e Esquerda.

Essa questão surgiu durante a Revolução Francesa. Durante a Fase da Convenção Nacional, os legisladores franceses se reuniam em uma antiga quadra coberta, onde decidiam os rumos políticos do país. Os Jacobinos, que eram os mais radicais, ficavam a esquerda, enquanto os Girondinos, mais conservadores ficavam a Direita e daí, se difundiu os termos partidos de Esquerda ou de Direita.

Esses “caminhos” são constantemente usados para nos referirmos a certos partidos ao redor do Mundo. É claro que em países com uma democracia mais consolidada, como EUA, Reino Unido e França, é mais fácil perceber essa polarização, mas como é no Brasil? Bem, muitos dizem que não existe essa dicotomia política aqui, mas não concordo. Como disse Jorge Furtado, “Esquerda e Direita são posições relativas, não absolutas.”. Além disso, existem dezenas de partidos no país, o que deveria ser um exemplo de democracia, acaba sendo um modelo que dificulta a governabilidade e acaba forçando com que esses partidos se unam em Coligações. É ai que reside o grande problema político brasileiro: As coligações.

Às vezes, imensas, incoerentes politicamente ou impostas de cima pra baixo (entendam, do âmbito federal para o municipal), essas coligações comprometem nosso entendimento acerca do que é direita ou esquerda.

Partidos como o PPS (Partido Progressista Socialista) e PC do B(Partido Comunista do Brasil) que seriam de acordo com a alcunha que carregam de Esquerda, estão em lados opostos na eleição deste ano. Como isso é possível? Bem, são as ben(ou mal)ditas coligações.

Outro equivoco é achar que ser de Esquerda é ser socialista. Até porque, países que tem governos de Esquerda como a Espanha, por exemplo, não são socialistas política e economicamente falando.
Outro erro é achar que toda Ditadura é de direita. Olhem o regime chinês. Politicamente é socialista, mas nem por isso deixa de ser uma ditadura.
No Brasil, essa dualidade é muito mais subjetiva do que em outros países. Durante a Ditadura, as pessoas canhotas eram obrigadas a aprender na força, a serem destras. Tem cabimento uma coisa dessas hoje em dia? Sim, tem por mais incrível que pareça.

Com o perdão do trocadilho, mas a direita no Brasil está desnorteada. Ela se esconde em certos momentos, entre alcunhas esquerdistas. Recusam a sua própria alcunha, assim como um pai se recusa a reconhecer um filho. Em nome das malfadadas coligações, os partidos de direita se submetem à humilhação de outros partidos (leia-se DEM) para que possam ter mais “aliados”. Não se consideram oposição, apenas querem “fazer mais” pelo país, assumindo claramente que o governo atual, (esquerdista sim, apesar dos pesares) vem fazendo um ótimo trabalho.

É como se os partidos de direita estivessem sentados no divã de um analista e não se reconhecessem mais quem são ou que idéias defendem. O PPS, por exemplo, deve “sair do armário” e se assumir como um partido de direita. Não há mal nenhum em ser de direita, mas no Brasil se tem medo de “assumir” como tal.

É mais fácil criticar o lado esquerdo da política com suas medidas “assistencialistas”, do que propor outras medidas que possam melhorar o país.

Em uma democracia é necessária a crítica, mas uma crítica positiva. Se alguém critica o governo, é logo taxado de “direitista” e se elogia, é esquerdista. Uma bobagem.

Já a Esquerda, se apresenta cada vez mais pragmática e multilateralista. Em busca de uma base sólida, fez uma aliança com vários partidos para que possa dar mais governabilidade para o país. Isso é bom ou ruim? Ambos. A política se baseia no legal e ilegal, não no certo e errado, isso é assunto para a moral. Um partido não tem que ser moral, mas seus membros sim. Nesta cruzada, a Esquerda se aliou com partidos “em cima do muro”(PMDB) ou “barrigas de aluguel”(PSB), além de políticos que estão longe de serem de esquerda(Sarney é um exemplo) para que possa vencer a eleição federal. Não respeitou a política estadual e impôs de forma severa e incoerente, alianças descabidas (Hélio Costa contra Fernando Pimentel) para que a candidata federal tivesse “palanque” único. Um absurdo moral, mas politicamente legal.

A esquerda em minha opinião, sofre menos de dilemas políticos e mais de morais.

Para encerrar, devemos sinalizar de forma correta os caminhos políticos brasileiros. Isso significa que as direções políticas no Brasil estão desnorteadas, mas sempre é possível que as mesmas encontrem suas bússolas e voltem ao caminho de suas origens. Cabe ressaltar, somos uma democracia recente e esses dilemas fazem parte da vida de nossa “adolescência” política. Quem sabe, um dia, nos tornaremos uma Democracia “adulta” e bem resolvida em suas convicções. Depende de nós, fazermos da política, uma realidade coletiva.

Um comentário:

  1. Bela análise, meu amigo. "Se alguém critica o governo, é logo taxado de direitista e se elogia, é esquerdista. Uma bobagem." Sensacional.

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