quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A psicologia e seus efeitos nos Estados: O Caso Venezuela e Colômbia

O grande historiador britânico Arnold Toynbee, dizia que os Estados sofrem mais de traumas psicológicos dos seus líderes do que de motivos plausíveis para declararem guerra a outro Estado. Para ele, os Estados também são “seres humanos”, afetados pelos temperamentos de seus governantes e assim sendo, tem seus momentos de surtos psicóticos. O caso Colômbia e Venezuela corrobora com essa teoria. Ambos procuram se reafirmar em uma situação mais psicológica do que militar. Complexos de irmãos que viveram séculos juntos e já passados duzentos anos de separação, se tornaram vizinhos não muito amistosos. Cada um, utilizando de seus argumentos pessoais, quer mostrar para o outro, quem é melhor. Um caso de divã (ou até de boas “palmadas”) e não de guerra.
Simon Bolívar jamais pensaria que isso pudesse acontecer, duzentos anos depois dos movimentos de secessão do Vice Reino de Nova Granada junto à Espanha. Seria engraçado se não fosse trágico, mas enquanto Bogotá era a moradia do Vice Rei, Caracas era o seu quartel general, o que pode ser entendido como uma espécie de espoliação menos nociva para a Colômbia.
A Venezuela sofre de um complexo de inferioridade perante a Colômbia, isso é notório. É o típico caso do irmão mais pobre com ciúmes do mais rico. Já a Colômbia sofre de um complexo de rico que ficou pobre, mas mantém a pose, desde a Secessão do Equador e do Panamá (neste caso, com apoio do seu maior aliado, Estados Unidos)
Essa relação “familiar” e privada se tornou ainda mais pública e evidente com a subida de Chavéz ao poder na Venezuela e de Álvaro Uribe na Colômbia, respectivamente.
Ambos os líderes seguem direções opostas em termos políticos e não conseguem centralizar as discussões que envolvem problemas internos em seus referidos países. A culpa de seus problemas sempre é do outro e nunca do mesmo.
Colômbia combate de forma incisiva o narcotráfico e acusa a Venezuela de financiar e colaborar com grupos terroristas para enfraquecê-la. Já a Venezuela acusa a Colômbia de apoiar os Estados Unidos em práticas militares e políticas contra ela.
A Colômbia jamais conseguirá acabar com o narcotráfico sem reformas de base profundas. Um agricultor irá cultivar Coca, pois a prática da mesma lhe rende uma boa quantia capaz de sustentar sua família, já que o governo não lhe propõe nenhuma outra atividade tão rentável quanto. Sem falar que sem o dinheiro direto e indireto do tráfico de armas e drogas, o Estado colombiano entra em falência. A economia informal ainda é enorme e gera renda para cerca de 30% da população do país. O governo acusa a Venezuela de fazer “corpo mole” na fronteira entre ambos, o que facilita o transporte de drogas, armas e dinheiro pela fronteira. Mas, por que esse mesmo governo não faz a mesma acusação ao Brasil, que tem um frágil controle de sua fronteira amazônica?
A Venezuela, através de seu líder, adora falar de uma conspiração imperialista liderada pelos Estados Unidos e apoiada pela Colômbia, para desestabilizar seu país. Mas, o maior comprador do petróleo (a maior riqueza do país) são os mesmos Estados Unidos e sem o mesmo, a arrecadação do Estado venezuelano iria à bancarrota. Um país que importa praticamente de tudo, pois Chávez não incentiva nenhum tipo de prática econômica que não seja a extração, refino e transporte do petróleo. A salvação para a sua frágil existência, talvez seja a sua entrada no MERCOSUL, mas ao custo de um grande investimento de base, bancado em grande parte, por dinheiro brasileiro.
Para concluir, creio que seja mais uma pirraça entre irmãos ciumentos e nostálgicos de um passado em que dividiam uma mesma casa (Vice Reino de Nova Granada) e que não volta mais. Mesmo que essas lembranças também não sejam assim tão boas, pois eram subordinados a uma mãe autoritária e violenta (Espanha), que deixou em ambos, cicatrizes eternas. O caminho certo a tomar seria uma boa terapia com um ótimo psiquiatra. Eu conheço um muito bom, um tal de MERCOSUL. Alguém já ouviu falar nele? Eu recomendo. O cara tá conseguindo lidar bem com dois primos que se odiavam, mesmo não tendo feito nada de grave um para o outro. Os nomes dos primos? Argentina e Brasil.

2 comentários:

  1. Ótima análise, Dani. Às vezes, as pessoas brigam por coisas tão peguenas que é preciso alguem chegar a mostrar como estão sendo pedantes. Concordo que a solução é a união econômica e a troca cultural, como acontece na UE: quantos conflitos aconteceram entre os vizinhos europeus por questões ridículas, querelas insignificantes de monarcas orgulhosos e beligerantes? O negócio é propor a cooperação e ser severo com essas briguinhas bestas. Fui.

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